1

O Demônio e a Srta. Prym

Posted by Bruno; on 08:49



(Gen: 17) Da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás.



Depois de pegar uma chuva desgraçada, tomar banho de lama com outro carro desgraçado, molhar meu tênis, começar a espirrar e chegar a casa e não ter ninguém comecei a pensar no trabalho que tenho para apresentar na segunda feira. Relembrando, sou aluno de letras com habilitação em língua alemã e uma das matérias que estou tendo neste semestre chama-se de: Compreensão e Produção de textos narrativos. Na ultima aula, a professora formadora, nos deu um trabalho, onde escolheríamos um livro qualquer e trabalharíamos em torno dele, levando em consideração os elementos de uma narrativa (Narrador, enredo, personagens, tempo e etc.).


Pensei, pensei, pensei e escolhi um livro de um autor que tem o “ódio” e talvez o “amor” de muitas pessoas. Paulo coelho será o nome que eu trabalharei nesta segunda feira. O livro: O demônio e a Srta. Prym.


O motivo?


O livro fala de um assunto que rodeia a todos nós. Estamos sempre fadados a ter dentro de nossos peitos um demônio e um anjo. Não falo de um demônio ou anjo mitológico, ou ainda aqueles que acompanhamos em livros. Mas sim, a nossa consciência. A capacidade que todo ser humano tem de seguir um caminho. O tão comentado, aclamado, talvez “BEM” e “MAL”.


E ali em meio aos jardins do paraíso, vivendo entre os gozos de uma vida perfeita, eis que surge o pecado, da serpente, símbolo da astucia e traição, eis que o homem peca, quebrando a única regra que o Deus todo poderoso colocou a suas duas crias, Adão e Eva. A serpente, ardilosa e astuta enganou a mulher com palavras doces que por detrás continham todo o fel. E assim, a mulher, chamada de Eva, entrega ao seu companheiro, o belo Adão, e quando enfim, o fato foi concluído e fruta, uma ínfima maçã comida, eis que os pecados são libertos nos corpos daqueles dois e em todo o resto, responsáveis pela povoação, talvez civilização, do mundo.


E... “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do Bem e do mal”.


Assim as lendas foram criados, assim também os humanos, nós; fomos sendo civilizados e aquela semente pecadora cresceu em toda a humanidade. Perguntas vem e vão. Respostas? Ah! Essas podemos tirar em nossas próprias conclusões...


Com isso, até hoje eu me pergunto e acredito que mesmo na hora de minha morte me perguntarei... Porque tem de ser assim?


Paulo coelho em o demônio e a Srta. Prym busca trazer a nossos peitos essa mesma perguntas, talvez até outras, como: Será que toda a humanidade é má? Será que existe salvação? Queremos a salvação? Trocaríamos a vida de alguém por uma barra de ouro sem sentir o “fantasma” de o outro nos acompanhar pelo resto de nossas vidas?


No livro, o fantasma interior está no corpo de um homem, amargurado pela perda de sua esposa e filhas, que em meio à quase depressão, abandona tudo em busca de descobri as poucas respostas que procura: Todos têm os corações malvados? Ainda existe na face da terra pessoas que não se importam com bens materiais?


O livro, mesmo sendo de um autor que para alguns seja um macumbeiro, um plágio, na verdade mostra perguntas que nós fazemos e no decorrer da história, passando pelo tempo e os seus personagens... Acabamos descobrindo que mesmo para as pessoas mais corretas, o demônio interior, já vive, mesmo que adormecido, esperando talvez um momento de ganhar o nosso anjo e despertar em nossos corações.


Infelizmente, acredito que essa seja a nossa condição. O nosso ato humano. O livro me fez pensar, me fez buscar querer mudar... Talvez ele tenha sido um dos indicadores de fazer letras, de querer ser professor, ajudar as pequenas crianças que eu vejo todo dia e que em suas vidas, tem o demônio e o anjo lutando para ver quem domina.


Em o demônio e a Srta Prym, eu vi uma das melhores narrativas brasileiras. Li do começo ao fim várias vezes, e em cada uma delas acabei descobrindo uma coisa nova.


Hoje, talvez saindo daquela pequena adolescência, e entrando na vida adulta, olhando aqueles que devo ensinar, acredito, que o anjo interior pode sim vencer o demônio. A batalha é difícil, claro; nenhuma nunca foi fácil. Mas eu, como Brasileiro que sou, vivo e nunca desisto. Sei que dentro de mim, os dois lutam para saber quem vai vencer e assim me torno um observador, esperando à hora de saber para que lado vou.


Até essa hora continuarei aqui, esperando. Não tenho a certeza de quem vai vencer...


... Mas quem vai ter?

Você tem?


|

1 Comments


Um texto muito bom, Bruno, informativo e, ao mesmo tempo, interpretativo. Você não só promove o livro, que até me deu curiosidade de ler, como também elenca questionamentos presentes na obra e reflete sobre eles.

Confesso que nunca li Paulo Coelho, mas essa é uma falha minha por comprar para mim a opinião de muitas pessoas que classificam as obras dele como ruins. Particularmente, nunca cheguei a ler e, por isso, não tenho como afirmar nada a respeito.

Quanto a temática, achei interessante o tema em si, muito embora teça minha própria teia de idéias a respeito da dualidade (BEM & MAL) do ser humano. Somos dúbios na essência, por isso, não acho que exista essa "guerra" interna, até porque a "bondade" ou a "maldade" vem no que praticamos e para quem praticamos. Causar o "bem" à alguém é, automaticamente, praticar o "mal" a outra.

Inclusive, venho pensando sobre isso há um certo tempo, mas deixarei essas divagações minhas para futuros textos.

Keep bloging! :*

Postar um comentário

Copyright © 2009 E eu sou... All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive.